Adoro caqui. Nos meses de abril, maio e junho o Rio da Prata é um verdadeiro paraíso, são milhares de pés espalhados por grande parte das encostas do maciço da Pedra Branca voltadas para Campo Grande.
Por este motivo, vou quase toda semana e me delicio de tanto comer caqui. Em uma dessas caminhadas encontrei um rapaz que trabalha em um sítio próximo e após um papo rápido, perguntei-lhe se o Caminho do Sacarrão (onde estávamos) tinha saída para o lado de Jacarepaguá.
- Tem sim. - disse-me ele - O pessoal de Furnas quando vem fazer a manutenção das torres vai até lá de jipe.
Decidi então, na semana seguinte, fazer essa travessia (Campo Grande x Jacarepaguá), a qual passo a relatar agora:
No domingo, dia 6 de abril, dei um pulo da cama, por volta de 6.30h da manha, totalmente atrasado, a ideia era levantar as 5 hrs da matina!!! Ainda assim, resolvi fazer a caminhada. Terminei de arrumar a mochila, enquanto tomava café e preparava também uns sanduíches para levar. Caminhei até a rodoviária de Campo Grande, peguei um ônibus em direção ao Rio da Prata e as 8.30h iniciei a Travessia pelo Caminho do Sacarrão.
Adeus asfalto. |
O inicio da trilha pelo Caminho do Sacarrão |
Logo no inicio da trilha passei pelo Rio da Batalha, o dia estava lindo, céu azul e temperatura agradável, com muitas flores e pássaros pelo caminho.
Apos cerca 2 horas de caminhada, cheguei ao local onde a trilha, começa a descer a esquerda, neste ponto comecei a ouvir barulho de água, é o Rio do Quininho, que em determinado momento, empresta parte de seu leito para o Caminho do Sacarrão, um bom lugar para descansar e encher as garrafas.
Após esse trecho, pode-se avistar as torres no alto do morro, meu objetivo era chegar lá em cerca de 2hrs.
Após meia hora de caminhada, cheguei a uma bifurcação, a trilha de um lado seguia plana , do outro subia a direita, optei pela segunda, peguei a trilha da direita e fui subindo, passei por uma plantação , carregados de caquis maduros.
Após comer vários caquis e de colocar mais alguns na mochila rsrsrsr, segui em frente sempre subindo. Cerca de 25 min. reconheci o lugar, eu já havia estado lá antes, na primeira tentativa de chegar a Pedra Branca, era a trilha que leva a um sitio cheio de cachorros!! Resultado: Trilha errada. E cerca de 1 h perdida.
De volta a bifurcação a trilha seguia tranquila passando por diversos sítios, com muitas frutas pelo caminho. Caquis, laranjas, jacas, goiabas, bananas e abacates. Peguei algumas laranjas e bananas e segui em frente. Esta parte da trilha é simplesmente linda, um vale cercado por morros cobertos pela Mata Atlântica
Laranjas |
Bananal |
Jaqueira |
Porem, ao passar pelo ultimo sitio a trilha muda bastante, torna-se bastante fechada e íngreme em alguns trechos, ja podia avistar as torres do topo, mas ainda levei alguns minutos até chegar a elas.
Até que finalmente as 13:15hrs cheguei as torres que de acordo com meus cálculos corresponderiam a cerca de 40% da caminhada.
Após descansar por 5 min e comer um sanduíche; resolvi retomar a caminhada, pois era simplesmente ficar parado por muito tempo devido a grande quantidade de moscas e mosquitos, alias isso foi uma constante durante a maior parte da travessia, o que incomoda bastante.
A presença de moscas e mosquitos em áreas mistas (mata nativa e sítios) é bastante comum, devido a presença de bois e cavalos e ao desmatamento para plantações, o que resulta neste desequilíbrio no Eco sistema..
A partir daquele trecho, pelo o que eu havia estudado pelo Google Earth, a trilha seguiria plana e em mata fechada. E foi o que aconteceu, a trilha corre serena em meio a arvores centenárias, muitos bichos, além de inúmeros pássaros consegui avistar, saquis, esquilos, lagartos e pela primeira vez em minhas caminhadas, um macaco-prego!!!
Entre as arvores, o Pico da Pedra Branca |
Ainda nesta parte da trilha, ouvi barulho de motos, relativamente próximas, motos essas, que seriam de extrema importância no final deste passeio.
Após cerca de 40 min, cheguei a parte da trilha aonde a galera pratica o motocross. O Caminho das Torres. Essa parte do caminho é bastante largo, uma estradinha que vai serpenteando, descendo e passando por áreas de mata nativa e pequenos sítios.
Por volta das 15 hrs, cheguei a um lugar de onde se podia ter uma bela vista de Jacarepaguá, e onde finalmente pude ter uma noção de onde eu estava e de quanto ainda faltava para o término da caminhada. Estava a cerca de 500 mts de altura. Embora estivesse bastante alto e ainda faltasse uma grande parte a ser percorrida, fiquei tranquilo pois ainda restavam cerca de 2.horas e meia de luz natural. E como diz o ditado: "Pra baixo todo santo ajuda" E fui seguindo o caminho que a partir daquele trecho passou a ter descidas bastantes escorregadias.
Em compensação fui brindado com belos visuais, de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e do Maciço da Tijuca.
Ao fundo a Barra da Tijuca |
A Pedra do Quilombo |
Após mais uma hora de descida, finalmente cheguei a parte plana da estradinha e tinha ainda mais uma hora de luz natural, tempo suficiente para terminar a trilha ainda com o dia claro. Ao menos era isso que eu pensava.
Mas não foi bem assim.
Com mais uns minutos de caminhada me deparei com mais uma subida. Subi, desci, caminhei mais uns minutos e outra subida!!!! E mais outra e outra.
A trilha seguia serpenteando em meio a mata, hora subindo, hora descendo e nada de chegar a saída ou a uma trilha a direita que me levasse a Estrada do Pau da Fome. E para piorar a situação o sol começava a se esconder por trás do Maciço e em breve a noite chegaria.
Após mais duas ou três subidas fui me aproximando de uma clareira com uma cuva fechada a direita.
Seria a saída??? Fui andando ansioso e ao me aproximar da clareira, após uma curva, dei de cara com um pequeno lago onde 2 patinhos (Irerê) nadavam tranquilamente!!! Apesar da pressa não pude deixar de fotografar o lugar.
Ainda restava a esperança que a curva acentuada a direita me levasse a saída. Qual o que!!!!. Mais uma subida. Essa mais íngreme que as anteriores. Ao chegar no topo deste morro, pude constatar que ainda estava muito longe da saída da Estrada das Torres, pelo menos mais 2 horas de caminhada. E o pior a estradinha me levava cada vez mais para dentro da mata. Aquela altura, tinha uma certeza: Terminaria a caminhada já com noite fechada e sem lanterna.
Acelerei o passo. Descida, mais uma parte plana e mais uma subida. O sol se fora. Mas a noite ainda não chegara totalmente, ainda havia um pouco de luz do dia. Nesse morro porém a estradinha não descia imediatamente, seguia pelo alto do morro, fui caminhando por ela sempre de olho nas marcas dos pneus das motos, elas eram a minha garantia de que chegaria a saída. Cerca de 500 mts a frente uma bifurcação. A estradinha seguia a direita em direção a uma mata fechada e uma outra trilha, mais estreita a esquerda.
E agora??? Não poderia errar. Não tinha mais tempo para isso.Pois logo seria noite. Pensei em seguir pela estradinha, que sabia eu, em determinado momento chegaria a una saída. Já a outra, apesar das marcas de pneus seguirem por ela não lembrava de te-la visualizada no Google Earth.
Mas apesar da duvida optei pela da esquerda, seguindo as marcas dos pneus das motos.
Caminhei por esta trilha por cerca de 200 mts, para enfim, depois de contornar um pequeno monte, visualizar, uma pequena comunidade, Sta Maria é o nome do lugar, e a trilha me levava diretamente para lá.
Ufa!!!!!!!!!!!!!!!!!! Pude enfim relaxar, após horas de tensão. A saída esta próxima.
O pequeno lago, sem auxilio do flash |
A trilha a esquerda |
Ao fundo a Comunidade de Sta Maria |
Enfim, as 18.20hrs, bastante cansado e com fome rsrs, após cerca de 10 horas do inicio da caminhada, praticamente ininterruptas, em Campo Grande reencontrei, em Jacarepaguá desta vez não o asfalto, mas uma rua de paralelepípidos.
O final da trilha. |
E ai foi só esperar o ônibus |
Nossa, vc fez a trilha sozinho? Que coragem! Moro perto do Viegas, em Bangu. tenho muita vontade de fazer essa travessia.
ResponderExcluirAonde começa essa trilha quero ir da pra ir de moto?
ResponderExcluirAonde começa essa trilha quero ir da pra ir de moto?
ResponderExcluirIndo pelo Rp de Cpo Gde todos conhecem a trilha por lá e o ideal seria vc ir com outros trilheiros de lá
ExcluirOlá!
ResponderExcluirÓtimo relato!
Indo de carro como eu poderia proceder?
Obrigado desde já!
Largo do Rio da Prata. Estacione o carro e suba a rua ao lado da igreja, mantendo a direita, siga em frente e chegará em um ponto que avistara um comércio a esquerda e três caminhos. Siga pelo caminho do meio. O da esquerda sai na Cedae é o da direita em uma trilha sentido ilha de Guaratiba. Siga pelo caminho do meio. Já fiz de moto. É uma trilha puxada tanto a pé como de moto. GOEMAR COSTA
ResponderExcluirNossa. Vc fez o mais difícil. Para chegar no pau da fome pela casa amarela é só ir seguindo sempre pela direita. Não precisa pegar o caminho das torres.
ResponderExcluirOi, Monique, sempre pela direita mas por esse caminho do meio,ali nas Furnas?
ExcluirQuero mt fazer essa trilha mas são tantas informações
Complica
Parabéns Renato...logo farei essa travessia e sua experiência valera muito para minha aventura. Muito bom.
ResponderExcluirParabéns pela conquista meu caro. Já fiz várias trilhas sozinho, inclusive a Pedra Branca, mas nenhuma com esse grau de dificuldade.
ResponderExcluirVc levou um dia qs todo?
ResponderExcluirEstou querendo fazer ela com outra pessoa mas pelo q vc postou são mts hrs.
Mas a idéia é atrativa ,ao menos de chegar até onde existem essas blzs naturais e voltar
Já compensaria
Parabéns!
Correndo esse percurso é feito em 2h! rs
ResponderExcluirQue relato!!! Muitas pessoas "romantizam" as trilhas... mas elas podem surpreender tanto pelo lado positivo ou negativo. É preciso estar preparado. Seu relato foi muito real, me senti fazendo a trilha!!! As fotos ficaram incríveis! Vc sempre consegue extrair uma beleza ímpar das paisagens
ResponderExcluirFelicidades infinitas