Há muito tempo, que eu gostaria de retornar ao morro da Covanca em Água Santa, aqui no Rio, Esse morro e esse bairro fazem parte da minha infância e juventude. Foi nele que pela primeira vez, fui com meu saudoso pai, por uma trilha que passava por cima da hoje desativada, Pedreira de Água Santa. Na época eu deveria ter 6 ou 7 anos, mas me recordo ainda das casas e carros pequeninos lá em baixo e de uma planta que meu pai apressou-se em falar:
- Essa planta é veneno, chama-se Mata-Cavalo.
Foi essa a minha primeira trilha e a primeira de muitas caminhadas por este morrão.
O Morro da Covanca. A esquerda podemos ver a Pedreira, agora desativada |
- Será que tem onça??? Mora gente lá?? Essas e outras perguntas povoavam a minha cabeça de criança, durante aquelas tardes na década de 70.
Coberto pelas nuvens o Pico da Tijuca e parte do Morro da Covanca. |
Covanca e Serra dos Pretos Forros |
Zoom ba Serra dos Pretos Forros |
O Morro do 18, a direita podemos observar a antiga pedreira, situada na Rua Almeida Nogueira, 18, que deu origem ao nome da favela. A esquerda o Morro careca |
Como a quadra da escola Republica de El Salvador, estava em obras, nossas aulas de educação física eram feitas no Várzea. Em um belo dia o Professor faltou e eu lancei a ideia: Que tal a gente subir o morro?? De pronto a galera topou, meninos, meninas, foi maior galerão kkkkkk Gaspar conhecia bem o local, não chegamos até a serra, pois a trilha estava muito fechada e as meninas começaram a reclamar, mas visão daquelas arvores que eu admirava ali tão de perto não saem da minha memoria... e lá se vão quase 40 anos!!!!!
Os pais de Gaspar alem do pequeno sitio, tinham também um pequeno bar na esquina da Rua Torres de Oliveira com Rua da Pátria, e não é que a mãe dele chamou a galera toda pra almoçar, muita gente não ficou pois os pais iriam brigar se se atrasassem... os que ficaram comeram um delicioso bife com fritas com direito a coca cola. Muito bom !!!!!!
Depois desse dia votei muitas vezes naquela trliha, sozinho ou com os amigos. Passei a subir também o Morro Careca, que fica entre a Covanca e o 18, que proporcionava uma bela vista de parte da Zona Norte e Jacarepagua.
No topo do Morro Careca existe uma torre de transmissão de energia e para construção dessa torre fizeram, ou já existia, sei lá, uma estrada de terra que saia no Tanque em jacarepagua. Passando por dentro da Serra dos Pretos Forros. Não me lembro se neste dia estava sozinho, acho que sim, resolvi descer pela estradinha de terra chegar até a serra do Pretos Forros, foi a primeira vez que entrei naquela floresta. O cheiro bom da mata, a umidade, as arvores os pássaros desse dia não saíram mais da minha mente. Nenhuma mata tem o cheiro do Morro da Covanca e Serra dos Pretos Forros. É único. Nesse dia não fui para Jacarepaguá, virei a esquerda e sai na Rua da Agua Mineral, essa rua hoje não existe mais, por ela agora passa a Linha Amarela.
Na adolescência veio a paixão pelas bikes, conheci o Flavinho e seu irmão Xandy que adoravam andar de bike e de quebra também adorava trilhas. Através dele conheci uma pequena cachoeira, essa no Morro da Covanca mesmo. Essa pequena cachu, virou meu refúgio, uma pequena queda escondida entre pedras, no verão ia lá direto, sozinho, com a galera, a pé ou de bike tava sempre lá. Passei a ir também a uma pedra quase no topo do Morro da Covanca, de onde se tinha um visual estonteante de boa parte da Zona Norte e Baia de Guanabara Caminhado um pouco além desta pedra chegava -se a nascente da Agua Mineira, que dá nome ao Bairro.
Uma curiosidade: Embora a nascente seja no bairro de Água Santa, a água mineral é engarrafada e sai com o nome de Agua Mineral Santa Cruz!!! Vai entender kkkk
Uma coisa que fazíamos muito, principalmente eu e Flavinho, era descer de bike pela estradinha de terra ate jacarepagua, Íamos até a o favela da Covanca, que nesta época tinha poucos barracos e ainda não existia tráfico, tomávamos uma Coca em uma birosca e voltávamos.
Em um desse passeios, aconteceu uma coisa sinistra: Estavamos eu, Flavinho e Verdinho, descendo de Bike em direção a jacarepagua, quando subiu um fusquinha com três caras mal encarados dentro. Passaram pela gente, nos olharam e seguiram em frente. Minutos depois, um estampido no meio da mata. Um tiro disparado!!! Ficamos meio assim, sem saber o que fazer, quando volta o fusquinha, porem desta vez, voltaram apenas 2 pessoas no carro. Passaram "voados" pela gente, e por sorte, ou por falta de balas, não eliminaram as testemunhas do possível crime, no caso nós.
Retornamos meios assustados e com medo dos caras voltarem, Não vimos nenhum corpo. E passamos um bom tempo sem voltar lá.
Perdi a conta de quantas vezes voltei nesse morrão Foram muitos passeios com muitas pessoas em diversos dias e momentos diferentes. Com amigos que mantenho contato até hoje, outros q perdi o contato e outros que já nos deixaram.... Sei que vou esquecer ou não lembrarei o nome de todos, mas gostaria de mencionar algumas destas pessoas: Gaspar, Marquinhos, meu irmão Rodrigo, Flavinho, Xandy, Carlos Abigo(só uma vez pra nunca mais kkkkk), Dinha, Simone, Shirley, Marcinha, Monica, Claudia, Marcio, Fernando, a galera da El Salvador e o saudoso Alex.
O trafico chegou ao Morro do 18 em meados dos anos 80. Mas como a rapaziada que passava a droga eram todos nascidos no morro, os chamados crias, conhecia todos da escola ou de vista das ruas, não tínhamos problemas em caminhar pelos morros, pois de uma forma ou de outra sempre tinha um conhecido e a galera do trafico não se metia com a gente.
Atualmente a situação é bem diferente. As favelas se multiplicaram na região. E com elas o trafico, a milicia, as armas pesadas e as frequentes guerras. Em 1990 foi a última vez que subi o morro da Covanca, Já morava em Campo Grande e planejei subir o morro pelo 18 e sair no Várzea. Na subida teve um cara da boca que eu não conheciam que entrou numa de revistar a gente. Como ainda conhecia muita gente na favela reclamei, o cara quis encrespar comigo mas logo chegou a turma do deixa disso e graças ao "contexto" que eu ainda tinha segui meu caminho sem maiores problemas, mas foi a ultima vez que pude subir nesse morrão que tantos bons momentos me proporcionou.
Até que no ano passado, vi umas fotos, na Fanpage Voz de Água Santa, de uma galera fazendo uma caminhada e andando de bike no Morro da Covanca. Busquei informações e soube que no final da rua 2 de fevereiro, no Engenho de Dentro, tem um acesso onde se pode ir tranquilamente. Graças a presença da UPP da Camarista Méier essa parte do morro voltou a poder ser frequentada.
Embora não pudesse subir por Água Santa poderia enfim voltar ao morrão que tanta saudade eu sentia.
Semana passada decidi conhecer o lugar, a intenção era subir pela trilha até uma torres e de lá fazer uma fotos do Maciço da Tijuca, que fica bem próximo ao local.
A trilha inicia-se no final da Rua 2 de Fevereiro, no Engenho de Dentro e é muito utilizada pela galera da Bike
Antiga pedreira na Rua 2 de fevereiro |
Uma pequena gruta a esquerda. |
2-2 (Dois de Fevereiro) a pintura na pedra indica o nome do local |
O pico da Covanca e a esquerda as torres as quais pretendia chegar |
A esquerda a UPP da Camarista Meier |
a esquerda continuamos na pista das bikes |
Bairro do Engenho de Dentro |
A Linha Amarela e o Engenhão |
Bairro do Meier |
Os "loucos" sobem de bike até aqui e descem ladeira abaixo!!!!!! |
Rampa |
Fui até o final da pista e a trilha continuava em direção a Água Santa, como me recomendaram não ir para aquele lado retornei. Fui em direção a Camarista Meier, porem, vi uma trilha bem aberta, que a principio pensei me levaria até as torres, mas para minha surpresa levaram até uma pequena e abandonada capela.
Guarita da PM |
A pequena gruta |
Esta parte do morro da Covanca não é tão belo como a parte de Água Santa, mas valeu a pena. Matei as saudades.
Muito provavelmente uma das primeiras casas construídas no local. |
Showwww! Excelente relato!
ResponderExcluirNão sei se eu teria a mesma coragem, mas instigou.
Parabéns Renato!
Obrigado Pablo!!!!
ExcluirMas nesta trilha do final da Rua 2 de fevereiro pode ir sem medo. O local é tranquilo e seguro.
Abraços
E obrigado mais uma vez.
Renato Monsores
Pensar que morei exatamente nesse ponto, num condomínio no final da 2 de fevereiro e nunca me aventurei, apesar de ter muita vontade... Da janela do meu quarto dava para ver esse morrão lindo!
ExcluirCris Guimarães, Vou ver se marco uma caminhada para este local e caso vc queira ir é só participar eu te aviso
ExcluirAt
Renato Monsores
Acho que meu comentário não foi enviado :S
ResponderExcluirNão chegou não, manda de novo, se puder
ExcluirAbração.
Eu havia postado que nasci e fui criado e resido ainda à base do 18 mas nunca consegui subir pra explorar a região como sempre fiz na floresta da tijuca, sempre tive curiosidade mas devido a violência e por ter sido barrado 1 vez quando tinha 10 anos por um garoto armado, nunca mais tentei explorar a região.
ExcluirRecentemente descobri que há um projeto de lei desde 2000 integrando toda esta área como pertencente a proteção ambiental e pertencente à floresta da tijuca e em novembro último um grupo de arquitetos e pessoas de ONG subiram a região pois planejam fazer uma revitalização da área e fazê-la de parque florestal, o que espero que ainda em minha vida se conclua.
No mais vou procurar conhecidos que tenham coragem de fazer como você e ir pela 2 de Fev e subir a região já que botaram uma UPP lá no alto.
Abraços
Pode ir tranquilo, estive lá de novo essa semana. Vá num domingo de manhã ou num sábado a tarde. Tem sempre uma galera da Bike por lá.
ExcluirObrigado pelo comentário e quando quiser participar de uma caminhada com a gente é só chegar. Os eventos são divulgados pela nossa Fanpage .https://www.facebook.com/rmmtrilhas
Abração
Renato Monsores
Meu amigo você esta fazendo um maravilhoso trabalho mostrando as lacunas do Rio de Janeiro. Por favor tome cuidado aí ,pois neste lugares existem criaturas que não são mais Humanas e são contra uma vida de paz e liberdade.
ResponderExcluirObrigado Ricardo... pode deixar que tomo cuidado sim.
ExcluirAbraço
Renato Monsores
Acho estranho mais 1 comentário meu não foi postado . Será ?
ResponderExcluirO morro sempre foi gramado, ou era de mata fechada? Árvores grandes etc, como nos demais morros da floresta da tijuca?
ResponderExcluirQuando eu era criança no morro haviam muitas árvores, ele era bem mais verde do que hoje.
ResponderExcluirDesde que eu conheço, essa parte do Morro sempre foi assim.
ResponderExcluirRenato, fiz essa trilha que vc fez com o seu pai nos anos 70, conhecia o Gaspar, o saudoso Ricardo, Geraldo, Camarão, David, Bico e uma galera dessa época, tenho a mesma nostalgia de não poder mais subir o morro como era antigamente, uma pena. Essa trilha da pedreira é fantástica.
ResponderExcluirGrande abraço.
Antigamente o morro todo era coberto com várias nascentes e árvores. Pessoas mal intencionada COLOCAVAM FOGO CONSTANTEMENTE.
ResponderExcluirUM AMIGO BIÓLOGO FEZ UM TRABALHO DE REFLORESTAMENTO na parte da camarista (YURI).Hoje tem a galera da bike e peço que eles possam além de limpar ajudar a reflorestar,
Antigamente o morro todo era coberto com várias nascentes e árvores. Pessoas mal intencionada COLOCAVAM FOGO CONSTANTEMENTE.
ResponderExcluirUM AMIGO BIÓLOGO FEZ UM TRABALHO DE REFLORESTAMENTO na parte da camarista (YURI).Hoje tem a galera da bike e peço que eles possam além de limpar ajudar a reflorestar. Ainda existem algumas nascentes na área. GRAÇAS a Deus lá ainda é tranquilo, não existe tráfico.
Eu gostaria muito de fazer a trilha pra este local mas infelizmente não tem ninguém com coragem de subir ali pois o medo do tráfico é constante.
ExcluirSeria uma boa começarmos a criar um evento para incentivar a trilha na região e o reflorestamento, quem sabe, daqui 50 anos teremos o parque totalmente reflorestado. (Segundo o site da Floresta da Tijuca, a região faz parte do Parque mas não é aberta a visitação por motivos de segurança).
Boa Noite! Muito legal o post! De todas as trilhas que fiz no Rio, essa é a que mais me chama atenção! Mas pelo relato dos colegas, parece que a segurança é meio precária.. Você (seu grupo) retornou recentemente ao local? Gostaria muito de ir lá, mas com a companhia e supervisão de alguem que conheça..
ResponderExcluirGrande Abraço!
Renato bom dia! Gostaria de saber se você conhece a serra dos pretos forros que fica próximo ao bairro de Água Santa. Estou interessado em conhecer ou tentar localizar a nascente do Rio Faria-Timbó. Vc pode me ajudar ?
ResponderExcluirRenato Leão, desculpe a intromissão mas o rio Faria Timbó tem vários nascedores e creio que você faria uma verdadeira maratona para conhecer suas várias vertentes. No Varzea Clube há um lago onde existe o encontro de muitas nascentes que fazem junção das águas vindas das Serras da Covanca e Inácio Dias. Mais abaixo nas proximidades do ponto final do onibus 249 também há informações de corregos que se unem ao anterior além do Rio dos Frangos que tem seu nascedouro no alto da Rua Camarista Meyer e, que inclusive contribuiu para dar o nome do bairro encantado que junto com os outros á mencionados vão desembocar no Rio Faria Timbó que por sua vez vai desembocar na Baía de Guanabara na altura do Fundão.
ResponderExcluirE para os que ainda nutrem algum receio sobre andar na Trilha da 2 de fevereiro reafirmo que hoje é muito tranquilo e seguro andar naquela localidade. Se puderem consultem os mais antigos sobre o Velho Rubens que ficava na guarita próximo ao clube com uma vara de guaximba e um revolver 38 e colocava para correr todos que iam ali em busca de mangas, jacas e outras frutas daquele lugar.
Tentem também conhecer um pouco da história de Capela existente na metade da serra e do perigo que os jovens corriam subindo a pedra lisa ao fundo.
Renato,vim morar recentemente na rua Dois de Fevereiro e das janelas do meu apartamento vejo essa paisagem linda e que agradeço a Deus por essa oportunidade. Mas fico imaginando caminhar por entre essas árvores e sentir de perto esse cheiro de mato.
ResponderExcluirVi aqui acima que tem muita gente querendo fazer essa trilha e gostaria de perguntar se você conhecedor dessa área, não poderia reunir um grupo para subirmos de novo. A ultima postagem feita aqui foi em 20/07/16, mas poderíamos reativar essa conversa e marcarmos.
Tenho visto pessoas fazendo várias queimadas por aqui e fico triste com isso. Hoje deu nos noticiários que estamos em 7 lugar em poluição no mundo. Precisamos fazer muita força para mudarmos isso... Porém qualquer floresta começou com uma semente.Que possamos iniciar...
Muito interessante saber que existe uma acesso à Serra dos Pretos Forros no final da rua Dois de Fevereiro.
ResponderExcluirCresci em Água Santa e meu último acesso à serra ocorreu em 1988. Não havia interferencia do narcotrafico ainda.
Fiz todas as trilhas aqui citadas (Água Santa-Jacarepaguá, Agua Santa-Camarista) em diversas ocasioes. Pude explorar cada recanto da antiga fazenda de Assis Carneiro, todavia, nao pude encontrar construçoes antigas como o antigo presidio na estrada da Covanca e os grilhoes de escravos datados do sec. XlX. Tenho saudades do casarao da água mineral Santa Cruz e dos antigos tuneis.Fiz a trilha que liga ao topo da pedreira, um belo local muito arborizado onde ha uma capelinha do sec XIX.
Saudades desses tempos, obrigado pela oportunidade de revisitar as belas paisagens de minha infancia.
Alguém sabe o nome da pedreira que funcionou no local?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirShow! 👏 Vejo esses três morros a minha vida inteira e nunca imaginei saber os nomes de todos eles. 👏
ResponderExcluirAchei bem legal ver esse lado do Rio que ninguém conhece, mas me tire uma dúvida, que piramide amarela é aquela na 3ª e 4ª fotos? fiquei bem curioso.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue incrível!!!! Quanta história e lugares lindos!
ResponderExcluirComo que está a segurança no local? Ainda é possível subir por aí? A Upp ainda funciona?
ResponderExcluirTá tranquilooo
ExcluirEu sempre passei por ali e via uma construção em forma de triangulo mas nunca soube oque é....alguém sabe me dizer?
ResponderExcluirÉ uma igreja em forma de pirâmide ligada a uma religião.
ExcluirParece uma coisa de extraterrestre
ResponderExcluirHá pouco tempo fui com minha neta de 8 anos, visitar pedaço da trilha. Fui pisando em ovos pela nossa segurança, mas principalmente a dela. A medida que ia perguntava aos moradores sobre a segurança que afirmavam ser seguro. O pouco que vimos nos deixou encantadas! Mágico e maravilhoso lá em cima! Para ela que nunca tinha ido em local assim ficou mais encantada ainda. Querendo montar grupo para poder fazer a trilha completa em segurança, claro! Quem toparia?
ResponderExcluirO que vc chama de "Morro Careca" é o Morro Inacio Dias, onde tem um letreiro luminoso gigante "CREIO EM DEUS" ?
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