Sempre que vou fazer uma trilha, procuro me informar o máximo sobre ela, pesquiso em sites e blogs, visualizo através do Google Earth e principalmente busco informações com moradores da região.
Pois bem, para esta trilha além de tudo isso foram 03 tentativas em dias distintos, para somente na 4ª tentativa , após 6 h de caminhada, atingir o meu objetivo, chegar ao ponto mais alto do município do Rio de Janeiro, a Pedra Branca situada a 1025 m do nível do mar.
Apesar de toda informação disponível na internet, não havia descrição de trilhas partindo de Campo Grande, todas mencionavam apenas as que se iniciavam em Jacarepaguá, via casa amarela. Eu teria que descobrir o caminho...
1ª Tentativa - Trilha errada
No dia 2 de novembro de 2008, acordei cedo, dei uma ultima conferida no material a ser levado e as 5 h da matina, parti em direção ao Rio da Prata de Campo Grande, para por volta de 6 h, iniciar aquela que seria a minha primeira tentativa de chegar a Pedra Branca.
Resolvi subir pelo Caminho do Sacarrão Grande (ô nome !!!), seguir por esta trilha e em algum ponto dela encontrar uma trilha a direita que me levasse a PB. Logo no inicio da trilha encontrei um morador que me disse que este era o caminho mais rápido para a PB," eu deveria seguir por ela (trilha) até não ver mais nenhum morro a minha frente e entrar em uma trilha a direita que me levaria até meu objetivo"
Na trilha do sacarrão Grande. |
Redes de transmissão de energia |
A vegetação do Maciço |
Bambuzal |
Após 1.30 h de caminhada encontrei um morador que confirmou o que disse o outro, o que me deixou bastante animado e certo de que atingiria o objetivo traçado. Fui em frente...
Flores pelo caminho |
Mas esta não era o caminho correto, na verdade esta trilha leva até um pequeno sitio onde funciona um sindicato rural.
Como já passavam das 10 h da manha, resolvi "abortar a missão" e aproveitei o retorno para fazer algumas fotos.
Fim de caminha. Essa não deu, ficou para a próxima...
2ª Tentativa - Nas nuvens
Após consultar o Google Earth, resolvi desta vez, subir pelo Caminho de Furna. E assim uma semana após a 1ª tentativa lá estava eu pronto para mais essa aventura.
O dia amanheceu nublado com uma névoa úmida e baixa, que cobriam o maciço, mas como em dias anteriores, o tempo também amanheceu assim e depois melhorou, parti mesmo assim.
Por volta de 7h iniciei a caminhada. Após cerca de uma hora, próximo a uma cachoeira, encontrei um senhor que também fazia caminhadas pelo local, perguntei se estava no caminho certo para a Pedra Branca, e ele disse que sim, porém, faltavam ainda cerca de 4 h de caminhada. Falou também do jequitibá centenário, e que, já que estava ali, valeria a pena visita-lo.
Após a visita ao fantástico Jequitibá, uma arvore centenária com mais de 60 mts de altura, resolvi continuar por esta trilha indo em direção ao morro do Capim para depois acessar a trilha para a PB. Esse era o meu plano...
A trilha para o morro do capim naquele ponte era bastante íngreme, e que por ela na verdade eu estava andando para trás em relação a direção para a PB, porem neste dia eu ainda não sabia disto. A cerca de 600 m de altura, comecei, literalmente, a entrar nas nuvens. Quando cheguei no topo e a trilha voltou a ficar plana, encontrei um pequeno sitio, onde 2 rapazes conversavam no varada da casa. Perguntei-lhes pela trilha mas eles disseram não saber e foram chamar o dono da casa. Minutos depois apareceu um senhor com cara de sono. Ele me disse que eu ainda estava muito longe da Pedra Branca, a cerca de 3 h de distância e me explicou o caminho; que a partir daquele trecho tem várias bifurcações. Apos deixar o pequeno sítio verifiquei a hora, quase 11 horas !!!! Ou seja, já estava caminhando a quase 4 h e ainda faltavam mais 3 horas para o topo. Mas mesmo assim não desanimei e fui em frente. Ah isso tudo "dentro" de um forte nevoeiro.
O pequeno sítio |
Segundo o dono do sítio, eu deveria, seguir em frente, pela trilha que a partir de um determinado trecho começaria a descer. Virar a direita, passar por dentro de um pequeno riacho (Cachoeira do Copinho) e quando chegasse a uma arvore de troco muito grande após umas ruínas de casas, a trilha estaria a esquerda, quase em frente a referida arvore. Dito e feito.
A arvore que marca a trilha para a Pedra Branca |
Após mais 1:30 h de caminhada, chego a mais uma bifurcação, uma trilha mais aberta a esquerda, e outra mais fechada a direita. E agora ??? Por estar mais marcada (aberta) optei pela da esquerda, porem após alguns metros trilha começou a descer. Não podia ser essa.
Voltei por ela, mas ai já se iam 7 h de caminhada, o cansaço e a hora adiantada, me fizeram desistir. Iniciei o retorno.
Durante o retorno a cerração aumentou ainda mais, com chuva em determinados momento, o alcance da visão não passava dos 10 m, a vista já estava cansada daquela situação.
Fui subindo pela trilha correta, seguindo sempre as marcas de facão nas arvores, e com mais 40 minutos; após uma curva finalmente avistei, apos 5 horas de caminhada, cercada pela vegetação, a famosa Pedra Branca !!!!
Por volta de 18:30 h, após mais 4:30 h de descida, estava eu de volta ao inicio da trilha. Resumo do dia: Quase 12 horas de caminhada, sendo 8 h dentro de neblina, estava morto de cansaço e não havia achado o caminho. Mas uma coisa era certa: semana que vem tentaria de novo, ou não ...
3ª tentativa - Lama.
É, mas o tempo não colaborou. E a terceira tentativa somente se deu 2 meses apos a terceira, em 10 de janeiro de 2009. Novembro e Dezembro foram meses de muita chuva e Janeiro ia pelo mesmo caminho... chuva.
Durante a semana o tempo melhorou um pouco, a chuva deu uma trégua, e o sol até apareceu, o que me fez confirmar a caminhada para o fim de semana.
Desta vez acordei mais cedo, e por volta de 5:30 h da manha (horário de verão), 4:30 h no horário normal já havia iniciado a caminhada. Como ainda era noite optei por subir pela Estrada das Tachas e acessar outra trilha (essa não sei o nome) por serem mais largas.
Quando o dia começou a clarear, já caminhava a quase 01 hora.
Durante a semana o tempo melhorou um pouco, a chuva deu uma trégua, e o sol até apareceu, o que me fez confirmar a caminhada para o fim de semana.
Desta vez acordei mais cedo, e por volta de 5:30 h da manha (horário de verão), 4:30 h no horário normal já havia iniciado a caminhada. Como ainda era noite optei por subir pela Estrada das Tachas e acessar outra trilha (essa não sei o nome) por serem mais largas.
Na trilha a noite. |
O dia amanheceu nublado e com muita névoa, ao contrário dos dia anteriores, desta vez o sol não deu as caras, nem parecia que estávamos no verão!!!
Com o passar do tempo o nevoeiro foi se dissipando, mas nada de sol, o dia continuou nublado. E já se iam quase 2 horas de caminhada.
A trilha que segue por cima do Morro do capim é muito bonita, você passa por bosques floridos, com arvores majestosas, que proporcionam belos cenários para fotos. Sem o nevoeiro, deu para ver melhor a casa do pequeno sitio, toda feita de pau a pique. Desta vez não tinha ninguém do lado de fora. Imaginei o "coroa" lá dentro dormindo e segui meu caminho.
Quando comecei a descer, para acessar a trilha que leva a arvore de tronco grande, percebi que o terreno estava bastante encharcado e escorregadio, com a vegetação em algum trechos cobrindo totalmente a trilha. Embora não estivesse vestido adequadamente para aquela situação, estava de short quando deveria estar da calças compridas, mesmo assim decidi continuar.
Escorregando aqui, metendo o pé na lama ali, fui seguindo o meu caminho. Até que cheguei a entrada de um pequeno sitio, onde dois homens "consertavam a trilha", retiravam terra de uma barranco próximo e cobriam os buracos, melhoram, um pouco, as condições do caminho.
- Bom dia !!
- Bom dia !!
- Você não "viu ela" ?!?! - Perguntou-me espantado um dos homens.
- Ela quem ??? - respondi também espantado
- Não gosto nem de falar o nome desse bicho...que é para não atrair.
Logo percebi que se tratava de cobra e que havia passado por ela na trilha, voltei alguns metros, na esperança de fotografa-la, mas ela foi mais rápida e sumiu na vegetação. Uma linda e venenosa Jararaca.
Ao retornar contei aos homens sobre a Jararaca e após o tradicional "você é louco" me perguntaram se estava indo para Jacarepaguá. Quando disse que estava indo para a Pedra Branca um deles disse:
-Cara você deveria estar usando uma calça ou um meião a trilha tá muito fechada para aqueles lados...
Apesar dos conselhos, decidi continuar... (hoje em dia não faria isso)
Mas a trilha foi piorando, piorando e chegou a um ponto em que o caminho virou um grande lamaçal.
É ...não tinha jeito!! Mais uma vez era preciso desistir. A roupa inadequada e a lembrança da Jararaca me trouxeram a realidade. E iniciei a volta.
Ao Fundo recreio dos Bandeirantes |
Ao fundo Serra do Vulcão |
Ao fundo Morro da Cabuçu |
As 13 horas estava de novo no início da trilha, após 7 horas de caminhada. Cansado e enlameado.
Finalmente a Pedra Branca !!!!!!!
Janeiro continuou chuvoso. Somente em fevereiro o tempo começou a firmar, com vários dias consecutivos de sol , o que serviu para secar a trilha e me fez agendar uma nova caminhada para 8 de fevereiro.
Porém desta vez fui mais cuidadoso, com relação ao passeio, consultei o site Clube dos Aventureiros e imprimi a descrição da parte final da trilha, o que foi fundamental para chegar a Pedra Branca.
Desta vez não sai tão cedo de casa. E somente por volta de 7 h iniciei a subida, mais uma vez resolvi subir pela Estrada das Tachas.
Logo no inicio da caminhada ouvi barulho de motor de carro. Era um antigo Jipe, da década de 50, que já havia visto em outras caminhadas.
Quando ele passou por mim, fiz sinal para ele parar. O que de pronto aconteceu.
O motorista se chamava Antonio, Seu Antonio. E para minha sorte não só subiria a Estrada das Tachas, como também entraria a esquerda na trilha de acesso ao morro do Capim. Graças a esta carona percorri em 30 minutos o que levaria cerca de 2 h andando.
A trilha estava bem mais seca e aberta. O pessoal dos sítios haviam roçado o caminho, o que facilitou bastante a caminhada. Segui sem problemas até a grande arvore e iniciei a trilha para a PB, desta vez com a descrição do caminho nas mãos.
Fui subindo pela trilha, até chegar no ponto em que anteriormente, na segunda tentativa, havia estado. Desta vez. porém, com descrição do caminho em mãos, pude perceber a marcação em uma das arvores, PB, que indicavam o caminho correto.
A seta e a marcação PB na arvore indicando o caminho certo. |
Embora estivesse no ponto mais alto do município do Rio, 1025 m, a vista era nenhuma, as arvores no entorno cobrem qualquer possibilidade de visão. Não consegui ficar muito tempo no local, a vegetação alta e uma quantidade muito grande de insetos (muito mosquito) impediram a minha permanecia por mais tempo.
Apos 4 tentativas iniciei, meio decepcionado, o retorno da Pedra Branca, na qual não fiquei por mais de 10 minutos.
Durante a descida, aproveitei para fazer mais algumas fotos.
Foram 3 tentativas, para somente na 4ª atingir o objetivo, um total de mais de 30 horas de caminhadas. Atualmente sei que o melhor caminho para a PB é pela estrada de Furna. Mas valeu a pena. Estive num lugar onde poucas pessoas estiveram: O pico da Pedra Branca, ponto culminante do Município do Rio, a 1025 m do nível do mar.
Olá Renato!
ResponderExcluirMuito bom seu relato, realmente a trilha pelo Rio da Prata é mais longa, 11km, confusa e fechada.
Só não alcançamos o cume a primeira vez porque um amigo nosso teve câimbras e também pelo avançar da hora decidimos voltar. Estamos esperando o tempo estabilizar, o "russo" está presente nas montanhas.
Grande abraço e parabéns pelo esforço!
Obrigado Andre!!!!
ExcluirBoa camarada!!!
ResponderExcluirSó que foi até lá sabe como é.
Vlw Luiz!!!!!
ExcluirLinda a trilha!!!! Podia montar um grupo pra irmos novamente????
ResponderExcluirRenato, difícil é um relatório de aventuras tãõ detelhado e cheio de infromações como o seu!!!! estou pesquisando o local pra um amigo aventureiro e seu relato foi perfeito! estou grato pelo seu empenho e sua força pra completar o percurso! pfv entre em contato pelo insta. felipegt83 terei maior prazer em conversar mais sobre esse percurso e sobre possíveis parcerias. Grande abraço
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